A evolução da moda plus size
Matéria
publicada em 2012 no extinto site Acessando Moda, produto do meu Trabalho de
Conclusão de Curso.
O mundo da moda vem se adaptando às
necessidades das meninas com quilinhos extras
Foi-se o tempo
em que estar acima do peso era motivo para se vestir mal ou para usar as roupas
antigas da mãe ou até mesmo da avó. Também já chega de passar pelo
constrangimento de entrar em determinadas lojas e só encontrar roupas feitas
para pessoas magrinhas. Hoje em dia, o mundo da moda vem abrindo espaço para
roupas em tamanho maiores, com cortes modernos. A chamada moda plus size, ou,
em uma tradução bem literal, “tamanho maior”, não apresenta apenas manequins de
números avançados, mas também permite que gordinhas passem a trabalhar como
modelos. No Brasil, inclusive, existe uma semana de moda própria: a Fashion
Weekend Plus Size (FWPS). Segundo consta no site oficial do evento, “em
janeiro de 2010 o segmento plus size ingressou no Calendário da Moda
Brasileira com a realização da primeira edição do FWPS”. Os desfiles são
organizados pela jornalista e modelo Renata Poskus Vaz.
Um exemplo de que as gordinhas vêm conquistando seu lugar no universo da moda é a capa da revista Vogue Itália, edição de junho de 2011, onde as modelos plus size Tara Lynn, Candice Huffine e Robin Lawley aparecem usando lingerie junto de uma mesa com comidas e bebidas. O clique em preto e branco foi tirado por Steven Meisel e o título da matéria de capa era “Belle Vere”, ou no nosso português, ”Belas de verdade”. Outro bom exemplo desse avanço é uma notícia veiculada em 2010 pelo site Chic, da consultora de moda Gloria Kalil, com o título “Grifes de luxo vão vender numeração plus size na Saks, em Nova York”. A Saks é uma loja que fica na conhecida Quinta Avenida da cidade mais populosa dos Estados Unidos. As grifes participantes são Chanel, Yves Saint Laurent e Alexander McQueen. O tamanho das roupas chegam a 20, equivalente ao 54 brasileiro. Não só essas grandes lojas vem abrindo espaço para manequins maiores, mas as mais simples, de departamento, também.
Plus size em Sorocaba
Em Sorocaba, os tamanhos maiores nas lojas também estão aparecendo: “de uns dois anos pra cá o mercado está abrindo bastante em relação a moda para pessoas acima do peso. O pessoal percebeu que está aumentando a necessidade de ter um produto mais jovial, mais atualizado. De ano em ano percebemos que mais marcas que antes atendiam só numerações menores estão aumentando a numeração”, comenta Maria Francisca Requena, proprietária da loja Kika Modas, que atende apenas ao público GG. Outra loja local que abriu espaço para roupas com numerações maiores, foi a Sandra Modas. A proprietária da loja, Sandra de Fátima Maia, conta que os tamanhos vendidos por lá vão do 36 ao 52.
Já no mundo das modelos, a agência Mega Models de Sorocaba conta com cerca de 10 garotas do segmento plus size. Quem informa é o proprietário da Mega Models Sorocaba, Carlos Eduardo Silva Lopes, mais conhecido como Kadu. “A gordinha hoje está assumindo o papel dela”, declara. Ele ainda diz que a moda é a mesma, tanto para as mais cheinhas, quanto para as magrinhas, o que diferencia são os cortes ou o estilo da roupa. Ele salienta que se antigamente uma pessoa vestia manequim 50 tinha que pegar roupa da avó e que hoje isso já não precisa mais acontecer. “Existe jeans e blusas adequados para cada manequim”, comenta Kadu. Ele acredita que o segredo na hora de se vestir está no bom senso da escolha da roupa. Essa não é a opinião apenas de Kadu, mas também da lojista Maria Francisca. “Tem que ter uma coerência, para que aquilo vista bem a pessoa e não a ridicularize. Você não vai vestir uma coisa que não cai bem”, opina ela. A proprietária da Kika Modas reforça a mudança dos tamanhos das roupas ao lembrar que quando iniciou sua loja, as peças modernas para gordinhas eram muito escassas. “Eram mais com cara de ‘senhora’. Hoje o mercado já oferece muita coisa, mesmo assim você tem que procurar bem”, conta.
Por que o movimento está crescendo?
Essas mudanças todas podem ocorrer pela quantidade de pessoas acima do peso que existem no mundo. Só no Brasil, de acordo com os dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), metade da população brasileira acima de 20 anos está com excesso de peso. E outra pesquisa, realizada pela Nielsen Company, com resultados divulgados em 2007, mostrou que 89% dos brasileiros rejeitam o padrão de magreza exibido pelas modelos. Foram entrevistados cerca de 25 mil pessoas em 45 países.
O padrão da magreza extrema nas passarelas teve início na segunda metade dos anos 1960. Mais precisamente em 1966, quando surgiu na mídia inglesa uma moça pequena, magérrima, com cabelos curtos e loiros e olhos grandes sempre bem marcados com delineador e cílios postiços, de nome Lesley Hornby. Suas medidas, de acordo com informações do site Fashion Mag, eram 1,67m, 42kg, 82cm de quadril e 59cm de cintura. O mundo a conheceu como Twiggy - que significa “graveto” em inglês, uma referência a sua magreza – e ela foi a primeira topmodel mundial, revolucionando os padrões da época. Só que a magreza extrema trouxe para a sociedade contemporânea doenças como anorexia e bulimia, levando muitas pessoas a morte.
Da mesma forma que a obsessão por um corpo magro pode causar danos à saúde, a obesidade também oferece riscos. E muitas pessoas tendem a achar que o movimento plus size incentiva a obesidade. Mas como podemos perceber nos vários blogs de meninas acima do peso espalhados pela internet, a verdadeira luta é pela inclusão. A modelo brasileira considerada a Gisele Bündchen plus size, Fluvia Lacerda, contou em entrevista para a revista Veja que cuida da saúde e que para ser modelo desse segmento também precisa estar saudável e com músculos durinhos, ou seja, é necessário malhação. “Eu nunca passei a mensagem de que você precisa ser sedentária. Eu não levanto a bandeira do gordinho e, sim, da autoestima, porque é o que falta nas pessoas. Temos uma estrutura genética diferente. Você precisa se curtir do jeito que é. Eu sou ativa, nunca paro. Estou sempre viajando e malho todos os dias quando estou em casa” declarou ela para a revista.
Ser modelo plus size, assim como apoiar esse movimento é, na verdade, saber valorizar o corpo que você tem, se amar da maneira que você é, sem, é claro, jamais se desleixar da saúde. Como disse Fluvia na entrevista para a Veja: “não se deve passar fome e comer só um alface o dia inteiro, nem comer demais e não se cuidar”.
Um exemplo de que as gordinhas vêm conquistando seu lugar no universo da moda é a capa da revista Vogue Itália, edição de junho de 2011, onde as modelos plus size Tara Lynn, Candice Huffine e Robin Lawley aparecem usando lingerie junto de uma mesa com comidas e bebidas. O clique em preto e branco foi tirado por Steven Meisel e o título da matéria de capa era “Belle Vere”, ou no nosso português, ”Belas de verdade”. Outro bom exemplo desse avanço é uma notícia veiculada em 2010 pelo site Chic, da consultora de moda Gloria Kalil, com o título “Grifes de luxo vão vender numeração plus size na Saks, em Nova York”. A Saks é uma loja que fica na conhecida Quinta Avenida da cidade mais populosa dos Estados Unidos. As grifes participantes são Chanel, Yves Saint Laurent e Alexander McQueen. O tamanho das roupas chegam a 20, equivalente ao 54 brasileiro. Não só essas grandes lojas vem abrindo espaço para manequins maiores, mas as mais simples, de departamento, também.
Plus size em Sorocaba
Em Sorocaba, os tamanhos maiores nas lojas também estão aparecendo: “de uns dois anos pra cá o mercado está abrindo bastante em relação a moda para pessoas acima do peso. O pessoal percebeu que está aumentando a necessidade de ter um produto mais jovial, mais atualizado. De ano em ano percebemos que mais marcas que antes atendiam só numerações menores estão aumentando a numeração”, comenta Maria Francisca Requena, proprietária da loja Kika Modas, que atende apenas ao público GG. Outra loja local que abriu espaço para roupas com numerações maiores, foi a Sandra Modas. A proprietária da loja, Sandra de Fátima Maia, conta que os tamanhos vendidos por lá vão do 36 ao 52.
Já no mundo das modelos, a agência Mega Models de Sorocaba conta com cerca de 10 garotas do segmento plus size. Quem informa é o proprietário da Mega Models Sorocaba, Carlos Eduardo Silva Lopes, mais conhecido como Kadu. “A gordinha hoje está assumindo o papel dela”, declara. Ele ainda diz que a moda é a mesma, tanto para as mais cheinhas, quanto para as magrinhas, o que diferencia são os cortes ou o estilo da roupa. Ele salienta que se antigamente uma pessoa vestia manequim 50 tinha que pegar roupa da avó e que hoje isso já não precisa mais acontecer. “Existe jeans e blusas adequados para cada manequim”, comenta Kadu. Ele acredita que o segredo na hora de se vestir está no bom senso da escolha da roupa. Essa não é a opinião apenas de Kadu, mas também da lojista Maria Francisca. “Tem que ter uma coerência, para que aquilo vista bem a pessoa e não a ridicularize. Você não vai vestir uma coisa que não cai bem”, opina ela. A proprietária da Kika Modas reforça a mudança dos tamanhos das roupas ao lembrar que quando iniciou sua loja, as peças modernas para gordinhas eram muito escassas. “Eram mais com cara de ‘senhora’. Hoje o mercado já oferece muita coisa, mesmo assim você tem que procurar bem”, conta.
Por que o movimento está crescendo?
Essas mudanças todas podem ocorrer pela quantidade de pessoas acima do peso que existem no mundo. Só no Brasil, de acordo com os dados estatísticos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), metade da população brasileira acima de 20 anos está com excesso de peso. E outra pesquisa, realizada pela Nielsen Company, com resultados divulgados em 2007, mostrou que 89% dos brasileiros rejeitam o padrão de magreza exibido pelas modelos. Foram entrevistados cerca de 25 mil pessoas em 45 países.
O padrão da magreza extrema nas passarelas teve início na segunda metade dos anos 1960. Mais precisamente em 1966, quando surgiu na mídia inglesa uma moça pequena, magérrima, com cabelos curtos e loiros e olhos grandes sempre bem marcados com delineador e cílios postiços, de nome Lesley Hornby. Suas medidas, de acordo com informações do site Fashion Mag, eram 1,67m, 42kg, 82cm de quadril e 59cm de cintura. O mundo a conheceu como Twiggy - que significa “graveto” em inglês, uma referência a sua magreza – e ela foi a primeira topmodel mundial, revolucionando os padrões da época. Só que a magreza extrema trouxe para a sociedade contemporânea doenças como anorexia e bulimia, levando muitas pessoas a morte.
Da mesma forma que a obsessão por um corpo magro pode causar danos à saúde, a obesidade também oferece riscos. E muitas pessoas tendem a achar que o movimento plus size incentiva a obesidade. Mas como podemos perceber nos vários blogs de meninas acima do peso espalhados pela internet, a verdadeira luta é pela inclusão. A modelo brasileira considerada a Gisele Bündchen plus size, Fluvia Lacerda, contou em entrevista para a revista Veja que cuida da saúde e que para ser modelo desse segmento também precisa estar saudável e com músculos durinhos, ou seja, é necessário malhação. “Eu nunca passei a mensagem de que você precisa ser sedentária. Eu não levanto a bandeira do gordinho e, sim, da autoestima, porque é o que falta nas pessoas. Temos uma estrutura genética diferente. Você precisa se curtir do jeito que é. Eu sou ativa, nunca paro. Estou sempre viajando e malho todos os dias quando estou em casa” declarou ela para a revista.
Ser modelo plus size, assim como apoiar esse movimento é, na verdade, saber valorizar o corpo que você tem, se amar da maneira que você é, sem, é claro, jamais se desleixar da saúde. Como disse Fluvia na entrevista para a Veja: “não se deve passar fome e comer só um alface o dia inteiro, nem comer demais e não se cuidar”.