O termo plus size não é usado apenas para pessoas que estão acima do peso, como muitos acreditam. “Tamanho maior”, em uma tradução literal, é um conceito criado pelos norte-americanos, que engloba qualquer tamanho que esteja acima do que é considerado convencional. Ele envolve pessoas muito altas, gordas, que possuem costas largas, quadris grandes, ou seja, as que usam tamanhos maiores do que as medidas de modelos, como a maioria de nós, brasileiras, abençoadas com muitas curvas.
A disseminação da moda plus size nos últimos anos tem ajudado muitas pessoas a lidarem com a própria autoimagem. Se antes, roupas para gordos só eram encontradas em lojas especializadas, em tecidos ruins, em modelagem larga, em cores e estampas “mortas”, hoje a maioria das lojas possui uma sessão com peças mais modernas e exclusivas. Embora ainda sejam roupas separadas entre pessoas grandes e pessoas dentro do padrão imposto, já é um grande avanço. Os modelos das roupas também muitas vezes se diferenciam entre os diferentes padrões. Se incluirmos aqui as baixinhas, veremos que elas quase sempre acabam excluídas, tendo que recorrer às roupas infantis. A moda comercial não é tão democrática quanto tem se pregado por aí.
O IEMI, empresa que pesquisa a área têxtil, divulgou em maio de 2016 uma pesquisa sobre essa fatia do mercado, de tamanhos grandes. Importante ressaltar que, nessa pesquisa, definiu-se o termo plus size como a moda voltada apenas para pessoas gordas. Eles constataram que pelo menos 492 confecções no Brasil (2,5% do total dos estabelecimentos) são destinadas ao plus size, o que gerou uma produção anual de cerca de 45 milhões de peças em 2015, e receitas acima de R$ 1,0 bilhão de reais (valores líquidos, sem impostos). O crescimento plus size entre 2013 e 2015 foi de 7,9% em volume de peças. Porém, o segmento representa apenas 1,5% das vendas totais de roupas, o que nos mostra que, embora tenha se expandido, o setor ainda é muito pequeno.
Agora, vamos pensar: 60% da população brasileira está acima do peso, conforme pesquisa divulgada em 2015 pelo IBGE. Pela lógica, a maioria das empresas foca apenas em 40% das pessoas, perdendo 20% de possibilidade de vendas. Quem perde mais: os consumidores, por terem menos opções ao procurar algo para vestir, ou as empresas que ignoram que a maioria das pessoas não se enquadra nos padrões atuais?
Há outro lado que lucra bastante com esses 60% da população (e que lucra também nos 40% restantes): a indústria dos cosméticos. Somos bombardeados diariamente com milhares de imagens carregadas de Photoshop, frases ditas motivacionais que te falam que você é uma pessoas fraca e sem determinação por não chegar ao corpo que eles dizem que é ideal. Vivemos na época em que cada dia surge um novo creme para eliminar celulite ou que supostamente diminui gordura, um cosmético que promete rejuvenescer até 20 anos, antirrugas para meninas usarem aos 25, maquiagens que cobrem até cicatrizes, enfim, tudo para que sua confiança em si mesmo se desgaste e você procure por esse tipo de serviço. A indústria da beleza quer enfiar goela abaixo inúmeros produtos “milagrosos”, que não vão funcionar. Eles querem alimentar essa insatisfação para que você nunca se sinta bem o suficiente, e assim, continue movimentando os US$ 43,5 bilhões, que segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), foi o valor gasto nessa área em 2014. Mesmo em época de crise, a parte de beleza e cosméticos ainda é tida como indicada para investimentos em 2016, com informações do SEBRAE.
Claro que devemos lembrar que em 23 anos em alta, o setor de beleza registrou queda de 6,7% no final de 2015, com dados da Abihpec. Temos ainda que descontar alguns produtos essenciais como sabonetes e pasta de dentes, para sermos justos. Porém, mesmo em épocas de instabilidade financeira, essa área não se abalou por mais de 20 anos! Tem algo de anormal aqui, não?
Algumas questões que ficam no ar: por que simplesmente as indústrias não focam na real necessidade da população? Por que favorecemos um público especifico enquanto dados estatísticos informam que a realidade é outra? Por qual razão continuamos fechando nossos olhos e fingindo que está tudo bem, quando nós, consumidores, poderíamos começar a cobrar isso de quem vende? Por que a gente continua aceitando todos os dias que existe uma imagem ideal, que somente alguns têm o privilégio de sentirem-se belos, que se nos esforçarmos mais, gastarmos todo nosso dinheiro em cosméticos milagrosos, poderemos chegar lá? E se, de fato, chegássemos nos ideias de beleza impostos, o que faríamos?
Acho que a gente deve questionar mais isso. O Brasil tem passado por um despertar político da população. Já não é hora também de percebermos que estamos aceitando tudo o que as marcas e a mídia nos impõem? Roupas precisam se adequar ao nosso corpo e não ao contrário. Cosméticos deveriam ser feitos para hidratar pele, cabelo, para quando estamos a fim de nos produzirmos, para nos sentirmos bem e não para nos escravizar a um ideal inatingível de beleza. Um segredo: nunca vamos nos tornar Gisele Bündchen, porque, pasmem, ela é única! Cada pessoa é exclusiva, individual, bela de sua maneira. Tá na hora de se aceitar, ser feliz e cobrar mais de quem ignora nossas necessidades.
A disseminação da moda plus size nos últimos anos tem ajudado muitas pessoas a lidarem com a própria autoimagem. Se antes, roupas para gordos só eram encontradas em lojas especializadas, em tecidos ruins, em modelagem larga, em cores e estampas “mortas”, hoje a maioria das lojas possui uma sessão com peças mais modernas e exclusivas. Embora ainda sejam roupas separadas entre pessoas grandes e pessoas dentro do padrão imposto, já é um grande avanço. Os modelos das roupas também muitas vezes se diferenciam entre os diferentes padrões. Se incluirmos aqui as baixinhas, veremos que elas quase sempre acabam excluídas, tendo que recorrer às roupas infantis. A moda comercial não é tão democrática quanto tem se pregado por aí.
O IEMI, empresa que pesquisa a área têxtil, divulgou em maio de 2016 uma pesquisa sobre essa fatia do mercado, de tamanhos grandes. Importante ressaltar que, nessa pesquisa, definiu-se o termo plus size como a moda voltada apenas para pessoas gordas. Eles constataram que pelo menos 492 confecções no Brasil (2,5% do total dos estabelecimentos) são destinadas ao plus size, o que gerou uma produção anual de cerca de 45 milhões de peças em 2015, e receitas acima de R$ 1,0 bilhão de reais (valores líquidos, sem impostos). O crescimento plus size entre 2013 e 2015 foi de 7,9% em volume de peças. Porém, o segmento representa apenas 1,5% das vendas totais de roupas, o que nos mostra que, embora tenha se expandido, o setor ainda é muito pequeno.
Agora, vamos pensar: 60% da população brasileira está acima do peso, conforme pesquisa divulgada em 2015 pelo IBGE. Pela lógica, a maioria das empresas foca apenas em 40% das pessoas, perdendo 20% de possibilidade de vendas. Quem perde mais: os consumidores, por terem menos opções ao procurar algo para vestir, ou as empresas que ignoram que a maioria das pessoas não se enquadra nos padrões atuais?
Há outro lado que lucra bastante com esses 60% da população (e que lucra também nos 40% restantes): a indústria dos cosméticos. Somos bombardeados diariamente com milhares de imagens carregadas de Photoshop, frases ditas motivacionais que te falam que você é uma pessoas fraca e sem determinação por não chegar ao corpo que eles dizem que é ideal. Vivemos na época em que cada dia surge um novo creme para eliminar celulite ou que supostamente diminui gordura, um cosmético que promete rejuvenescer até 20 anos, antirrugas para meninas usarem aos 25, maquiagens que cobrem até cicatrizes, enfim, tudo para que sua confiança em si mesmo se desgaste e você procure por esse tipo de serviço. A indústria da beleza quer enfiar goela abaixo inúmeros produtos “milagrosos”, que não vão funcionar. Eles querem alimentar essa insatisfação para que você nunca se sinta bem o suficiente, e assim, continue movimentando os US$ 43,5 bilhões, que segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), foi o valor gasto nessa área em 2014. Mesmo em época de crise, a parte de beleza e cosméticos ainda é tida como indicada para investimentos em 2016, com informações do SEBRAE.
Claro que devemos lembrar que em 23 anos em alta, o setor de beleza registrou queda de 6,7% no final de 2015, com dados da Abihpec. Temos ainda que descontar alguns produtos essenciais como sabonetes e pasta de dentes, para sermos justos. Porém, mesmo em épocas de instabilidade financeira, essa área não se abalou por mais de 20 anos! Tem algo de anormal aqui, não?
Algumas questões que ficam no ar: por que simplesmente as indústrias não focam na real necessidade da população? Por que favorecemos um público especifico enquanto dados estatísticos informam que a realidade é outra? Por qual razão continuamos fechando nossos olhos e fingindo que está tudo bem, quando nós, consumidores, poderíamos começar a cobrar isso de quem vende? Por que a gente continua aceitando todos os dias que existe uma imagem ideal, que somente alguns têm o privilégio de sentirem-se belos, que se nos esforçarmos mais, gastarmos todo nosso dinheiro em cosméticos milagrosos, poderemos chegar lá? E se, de fato, chegássemos nos ideias de beleza impostos, o que faríamos?
Acho que a gente deve questionar mais isso. O Brasil tem passado por um despertar político da população. Já não é hora também de percebermos que estamos aceitando tudo o que as marcas e a mídia nos impõem? Roupas precisam se adequar ao nosso corpo e não ao contrário. Cosméticos deveriam ser feitos para hidratar pele, cabelo, para quando estamos a fim de nos produzirmos, para nos sentirmos bem e não para nos escravizar a um ideal inatingível de beleza. Um segredo: nunca vamos nos tornar Gisele Bündchen, porque, pasmem, ela é única! Cada pessoa é exclusiva, individual, bela de sua maneira. Tá na hora de se aceitar, ser feliz e cobrar mais de quem ignora nossas necessidades.
Texto originalmente publicado em meu blog pessoal.