Para que suas vestimentas cheguem até seu guarda-roupa há um longo processo. Primeiro tem a extração da fibra que pode ser vegetal, animal ou sintética (com exceção dessa última, as outras envolvem etapas de plantação ou de criação de animais). No caso do algodão, por exemplo, existe a plantação e o uso de pesticidas. Já a seda é produzida do casulo de um bichinho e a lã vem do pelo de ovelhas.
Na etapa de transformar as fibras em tecido entra a máquina de tear, que entrelaça as linhas da fibra. Depois do pano “nascer”, é a hora de ser lavado, descolorido com cloro e de receber produtos que retiram restos de componentes naturais. E aí ele vai para o tingimento com soluções químicas, cujos restos podem acabar contaminando nossa água. E é aí que eu quero chegar. Vamos a alguns dados: o Brasil produz por ano 170 mil toneladas de retalhos. Cerca de 80% do material acaba parando nos lixões e são desperdiçados. Só em São Paulo, no Bom Retiro e no Brás, mais de 10 toneladas de tecido são descartadas em aterros por dia.
Os impactos ambientais vão, portanto, desde gasto de água e energia, efluentes de tinturas, estampas e engomagem, até a geração de resíduos que começa no descaroçamento do algodão e vai até os fios que sobram nas confecções.
E não podemos nos conformar com esse desperdício depois que o tecido é produzido, poluindo nosso meio ambiente. É preciso que os estilistas repensem suas coleções, reaproveitem retalhos, encontrem soluções para esse mal. E isso vem acontecendo, mesmo que a passos de formiga. É o caso do brasileiro Alexandre Herchcovitch que escreveu para a FFW, sobre como cria suas coleções:
“Começo sempre revendo as pastas de estoque de tecidos que temos separados por tipo e quantidade, sendo uma ou duas pastas com lãs, outras com sedas (estampadas e lisas), algodões, malhas e assim por diante. Sempre tive por hábito reutilizar tecidos. Em uma marca, os materiais que sobram nunca são jogados fora. Se não há um novo uso para eles, nós os vendemos”.
Ele ainda reutiliza as sobras de tecido na produção de peças pilotos ou tingindo novamente para dar uma nova cara. E aqui, embora o tingimento cause grande dano, temos que pensar que outras etapas, como a de plantação, não existem, o que em grande escala acaba fazendo diferença.
Mais recentemente, na temporada de inverno 2016, os estilistas Viktor e Rolf também reutilizaram tecidos. Foram usadas sobras de coleções de 1993 e de 2015. Eles também reaproveitaram calças da marca Monsieur, que já não existe mais, redecorando-as.
Esses são apenas dois exemplos. Existem outros estilistas contribuindo com o reuso de tecidos. Há novas iniciativas todos os dias para auxiliar no reaproveitamento de retalhos. Aqui no Brasil, como eu já falei por aqui, temos o Banco de Tecido, onde as sobras de panos são depositadas para que outra pessoa possa usar. Os panos poderiam também ir para reciclagem e serem reaproveitados na produção de barbantes e fios, por exemplo. O problema do caso da reciclagem é a coleta, a seleção e a organização desses restos.
O importante é que precisamos apostar em soluções para esses tecidos desperdiçados. Não é normal ter 80% de retalhos jogados no lixo quando pode-se obter tantos produtos novos (e não falo só de roupas) a partir deles (e ainda gerar novos empregos).
Na etapa de transformar as fibras em tecido entra a máquina de tear, que entrelaça as linhas da fibra. Depois do pano “nascer”, é a hora de ser lavado, descolorido com cloro e de receber produtos que retiram restos de componentes naturais. E aí ele vai para o tingimento com soluções químicas, cujos restos podem acabar contaminando nossa água. E é aí que eu quero chegar. Vamos a alguns dados: o Brasil produz por ano 170 mil toneladas de retalhos. Cerca de 80% do material acaba parando nos lixões e são desperdiçados. Só em São Paulo, no Bom Retiro e no Brás, mais de 10 toneladas de tecido são descartadas em aterros por dia.
Os impactos ambientais vão, portanto, desde gasto de água e energia, efluentes de tinturas, estampas e engomagem, até a geração de resíduos que começa no descaroçamento do algodão e vai até os fios que sobram nas confecções.
E não podemos nos conformar com esse desperdício depois que o tecido é produzido, poluindo nosso meio ambiente. É preciso que os estilistas repensem suas coleções, reaproveitem retalhos, encontrem soluções para esse mal. E isso vem acontecendo, mesmo que a passos de formiga. É o caso do brasileiro Alexandre Herchcovitch que escreveu para a FFW, sobre como cria suas coleções:
“Começo sempre revendo as pastas de estoque de tecidos que temos separados por tipo e quantidade, sendo uma ou duas pastas com lãs, outras com sedas (estampadas e lisas), algodões, malhas e assim por diante. Sempre tive por hábito reutilizar tecidos. Em uma marca, os materiais que sobram nunca são jogados fora. Se não há um novo uso para eles, nós os vendemos”.
Ele ainda reutiliza as sobras de tecido na produção de peças pilotos ou tingindo novamente para dar uma nova cara. E aqui, embora o tingimento cause grande dano, temos que pensar que outras etapas, como a de plantação, não existem, o que em grande escala acaba fazendo diferença.
Mais recentemente, na temporada de inverno 2016, os estilistas Viktor e Rolf também reutilizaram tecidos. Foram usadas sobras de coleções de 1993 e de 2015. Eles também reaproveitaram calças da marca Monsieur, que já não existe mais, redecorando-as.
Esses são apenas dois exemplos. Existem outros estilistas contribuindo com o reuso de tecidos. Há novas iniciativas todos os dias para auxiliar no reaproveitamento de retalhos. Aqui no Brasil, como eu já falei por aqui, temos o Banco de Tecido, onde as sobras de panos são depositadas para que outra pessoa possa usar. Os panos poderiam também ir para reciclagem e serem reaproveitados na produção de barbantes e fios, por exemplo. O problema do caso da reciclagem é a coleta, a seleção e a organização desses restos.
O importante é que precisamos apostar em soluções para esses tecidos desperdiçados. Não é normal ter 80% de retalhos jogados no lixo quando pode-se obter tantos produtos novos (e não falo só de roupas) a partir deles (e ainda gerar novos empregos).
Texto originalmente publicado em meu blog pessoal.