Hipermercados terão que trocar sacolas de plástico
Matéria de minha autoria, publicada em 7 de
novembro de 2011 no site do Jornal Ipanema:
Link direto: http://www.jornalipanema.com.br/novo/Comportamento/HIPERMERCADOS+TERAO+QUE+TROCAR+SACOLAS+DE+PLASTICO.html (off-line)
Link direto: http://www.jornalipanema.com.br/novo/Comportamento/HIPERMERCADOS+TERAO+QUE+TROCAR+SACOLAS+DE+PLASTICO.html (off-line)
Nas últimas
décadas, o mundo passou a se preocupar mais com o assunto sustentabilidade.
Vemos no dia a dia uma infinidade de informações sobre como preservar a
natureza e o meio ambiente. E é de acordo com isso que vários lugares do
Brasil, como Belo Horizonte e a cidade de São Paulo, já estão com leis que
pedem a substituição de sacolas convencionais por outras que sejam
ecologicamente corretas. As providências para a substituição devem ser tomadas
até o início de 2012.
Em Sorocaba, a lei foi aprovada em 17 de agosto de 2010 e as substituições deveriam ter sido feitas até noventa dias após sua publicação, mas não foi isso que aconteceu.
Segundo o vereador João Donizeti Silvestre (PSDB), autor do projeto de lei, “aconteceu um forte movimento por parte das grandes redes de hipermercados, através da Associação Paulista de Supermercados (Apas), para que, primeiro, fosse realizada uma campanha em Sorocaba de conscientização”.
Por esse motivo, ele encaminhou um ofício à prefeitura, informando a vontade da Apas, quando, então, o prazo foi ampliado para a substituição das sacolas. “Agora estamos conversando com o prefeito para que a lei realmente entre em vigor”, informa o vereador. De acordo com Silvestre, a lei “dispõe sobre o uso de sacolas retornáveis, embalagens biodegradáveis ou oxi-bio-degradáveis para o acondicionamento de mercadorias, e tem a intenção de reduzir o número de sacolas plásticas descartadas nas ruas”.
E mesmo sem entrar em vigor, a lei já sofre emenda. De acordo com o vereador, a intenção é retirar o fornecimento da sacola oxi-bio-degradável, pois verificaram que ela é mais poluente do que a convencional.
Gabriel Bitencourt, ambientalista, salienta que cerca de um trilhão de sacolas plásticas são consumidas, em todo o planeta, anualmente. “Um dos problemas é que elas, por não serem biodegradáveis, acabam poluindo o ambiente. Avalia-se que o tempo necessário para sua decomposição seja em torno de 450 anos. Os danos fazem com que seja um sério poluente dos cursos d’água, do solo e nos centros urbanos”, explica. Também interferem nos processos de drenagem das águas das chuvas, uma vez que são encontradas frequentemente entupindo bueiros. Outro problema é que, quando usada para conter os resíduos sólidos residenciais - em especial os de origem orgânica, impede seu contato com microorganismos que atacam a matéria orgânica, evitando assim o natural processo de decomposição.
Bitencourt recorda também o que já viu em um trecho do rio Tietê, em Porto Feliz: “Depois das enchentes de verão, pude constatar milhares de sacolinhas presas à vegetação ciliar”, conta. O ambientalista acredita que a saída é a que ele tem adotado há mais de uma década: o uso de sacolas duráveis, de lona ou outro material resistente. “Vejo, muitas vezes, no supermercado, uma pessoa com o mesmo volume de compras que o meu com a maior dificuldade de acondicionar os produtos em várias sacolinhas, enquanto que, em poucos minutos, e em duas sacolas de feira, coloco tudo e levo com facilidade”.
Outra dica oferecida por Bintencourt é substituir as sacolas usadas na lixeira que é colocada sobre a pia da cozinha por jornal ou até deixá-la sem nada, lavando-a depois do descarte do lixo.
Em sua opinião, “sem sacrifício, as sacolinhas, ao invés de serem substituídas, devem ser abolidas ou serem, como em muitos países europeus, vendidas, como mecanismo de desestímulo ao seu uso excessivo”.
Para a empresária e dona de casa Dalva Rosane de Lima Camargo, 44, o uso de sacolas ecológicas é bom para a natureza. Ela acredita que uma boa saída seria os comércios oferecerem outro tipo de sacola, feita de algum material que se decomponha mais rápido.
Embora a lei demore um pouco mais para entrar em vigor, os hipermercados de Sorocaba já estão diminuindo o uso de sacolas plásticas. “Em vários lugares já encontramos as caixas de papelão para acondicionar as compras, relata Dalva Rosane. No hipermercado Coop, segundo Claudinei Vicente dos Santos, 24, auxiliar administrativo do local, além das caixas, também foram colocadas à venda sacolas retornáveis.
“As caixas de papelão, que eram prensadas, agora são disponibilizadas para os clientes que quiserem armazenar suas compras”, afirma. Parao auxiliar administrativo, a lei de substituição das sacolas é boa, principalmente para o meio ambiente, pois “muitas pessoas usam as sacolas indevidamente”.
Plástico oxi-bio-degradável: uma questão polêmica
Xico Graziano era secretário estadual do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, em 2007, quando gerou polêmica ao criticar, em um artigo para a Folha de São Paulo, o projeto de lei 534/07, do deputado estadual Sebastião Almeida, que pretendia tornar obrigatório o uso de sacolas oxi-bio-degradáveis entre os comerciantes do Estado de São Paulo.
Na ocasião, ele escreveu que “a degradação do plástico oxi-bio-degradável se baseia em aditivos químicos que contaminam o solo e as águas. Tal plástico provoca um efeito visual, não ecológico. Um truque químico. Pior, ao serem decompostos, liberam o carbono de suas moléculas. Representam séria ameaça ao meio ambiente”. O projeto foi vetado pelo então governador José Serra.
Em resposta, Sebastião Almeida, também em um artigo para a Folha de São Paulo, escreveu que “ao menos, um composto oxi-bio-degradável poderia acelerar em até 100 vezes a decomposição de bilhões de toneladas de plástico que ficam repousando no meio ambiente à espera da degradação definitiva - que virá em 300 a 500 anos”. E ainda questionou se “é necessário continuar convivendo com o plástico-filme se existem outras tecnologias à disposição da humanidade?”, ao que ele mesmo respondeu com um “claro que não”.
Graziele Lima (AgênciaJor/Uniso)
Em Sorocaba, a lei foi aprovada em 17 de agosto de 2010 e as substituições deveriam ter sido feitas até noventa dias após sua publicação, mas não foi isso que aconteceu.
Segundo o vereador João Donizeti Silvestre (PSDB), autor do projeto de lei, “aconteceu um forte movimento por parte das grandes redes de hipermercados, através da Associação Paulista de Supermercados (Apas), para que, primeiro, fosse realizada uma campanha em Sorocaba de conscientização”.
Por esse motivo, ele encaminhou um ofício à prefeitura, informando a vontade da Apas, quando, então, o prazo foi ampliado para a substituição das sacolas. “Agora estamos conversando com o prefeito para que a lei realmente entre em vigor”, informa o vereador. De acordo com Silvestre, a lei “dispõe sobre o uso de sacolas retornáveis, embalagens biodegradáveis ou oxi-bio-degradáveis para o acondicionamento de mercadorias, e tem a intenção de reduzir o número de sacolas plásticas descartadas nas ruas”.
E mesmo sem entrar em vigor, a lei já sofre emenda. De acordo com o vereador, a intenção é retirar o fornecimento da sacola oxi-bio-degradável, pois verificaram que ela é mais poluente do que a convencional.
Gabriel Bitencourt, ambientalista, salienta que cerca de um trilhão de sacolas plásticas são consumidas, em todo o planeta, anualmente. “Um dos problemas é que elas, por não serem biodegradáveis, acabam poluindo o ambiente. Avalia-se que o tempo necessário para sua decomposição seja em torno de 450 anos. Os danos fazem com que seja um sério poluente dos cursos d’água, do solo e nos centros urbanos”, explica. Também interferem nos processos de drenagem das águas das chuvas, uma vez que são encontradas frequentemente entupindo bueiros. Outro problema é que, quando usada para conter os resíduos sólidos residenciais - em especial os de origem orgânica, impede seu contato com microorganismos que atacam a matéria orgânica, evitando assim o natural processo de decomposição.
Bitencourt recorda também o que já viu em um trecho do rio Tietê, em Porto Feliz: “Depois das enchentes de verão, pude constatar milhares de sacolinhas presas à vegetação ciliar”, conta. O ambientalista acredita que a saída é a que ele tem adotado há mais de uma década: o uso de sacolas duráveis, de lona ou outro material resistente. “Vejo, muitas vezes, no supermercado, uma pessoa com o mesmo volume de compras que o meu com a maior dificuldade de acondicionar os produtos em várias sacolinhas, enquanto que, em poucos minutos, e em duas sacolas de feira, coloco tudo e levo com facilidade”.
Outra dica oferecida por Bintencourt é substituir as sacolas usadas na lixeira que é colocada sobre a pia da cozinha por jornal ou até deixá-la sem nada, lavando-a depois do descarte do lixo.
Em sua opinião, “sem sacrifício, as sacolinhas, ao invés de serem substituídas, devem ser abolidas ou serem, como em muitos países europeus, vendidas, como mecanismo de desestímulo ao seu uso excessivo”.
Para a empresária e dona de casa Dalva Rosane de Lima Camargo, 44, o uso de sacolas ecológicas é bom para a natureza. Ela acredita que uma boa saída seria os comércios oferecerem outro tipo de sacola, feita de algum material que se decomponha mais rápido.
Embora a lei demore um pouco mais para entrar em vigor, os hipermercados de Sorocaba já estão diminuindo o uso de sacolas plásticas. “Em vários lugares já encontramos as caixas de papelão para acondicionar as compras, relata Dalva Rosane. No hipermercado Coop, segundo Claudinei Vicente dos Santos, 24, auxiliar administrativo do local, além das caixas, também foram colocadas à venda sacolas retornáveis.
“As caixas de papelão, que eram prensadas, agora são disponibilizadas para os clientes que quiserem armazenar suas compras”, afirma. Parao auxiliar administrativo, a lei de substituição das sacolas é boa, principalmente para o meio ambiente, pois “muitas pessoas usam as sacolas indevidamente”.
Plástico oxi-bio-degradável: uma questão polêmica
Xico Graziano era secretário estadual do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, em 2007, quando gerou polêmica ao criticar, em um artigo para a Folha de São Paulo, o projeto de lei 534/07, do deputado estadual Sebastião Almeida, que pretendia tornar obrigatório o uso de sacolas oxi-bio-degradáveis entre os comerciantes do Estado de São Paulo.
Na ocasião, ele escreveu que “a degradação do plástico oxi-bio-degradável se baseia em aditivos químicos que contaminam o solo e as águas. Tal plástico provoca um efeito visual, não ecológico. Um truque químico. Pior, ao serem decompostos, liberam o carbono de suas moléculas. Representam séria ameaça ao meio ambiente”. O projeto foi vetado pelo então governador José Serra.
Em resposta, Sebastião Almeida, também em um artigo para a Folha de São Paulo, escreveu que “ao menos, um composto oxi-bio-degradável poderia acelerar em até 100 vezes a decomposição de bilhões de toneladas de plástico que ficam repousando no meio ambiente à espera da degradação definitiva - que virá em 300 a 500 anos”. E ainda questionou se “é necessário continuar convivendo com o plástico-filme se existem outras tecnologias à disposição da humanidade?”, ao que ele mesmo respondeu com um “claro que não”.
Graziele Lima (AgênciaJor/Uniso)