Moda em terceira dimensão
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Matéria de minha autoria publicada em 02 de março de 2016 no site da Obvious Mag
Link direto: http://obviousmag.org/graziele_lima/2015/o-poder-da-musica-vai-alem-do-que-voce-imagina.html |
As impressões em 3D vêm revolucionando muitas esferas de nossas vidas. Em meio a infinitas possibilidades de imprimir objetos, órgãos, móveis e imóveis, comidas e milhares de outras coisas, a moda não poderia ficar de fora e também mergulhou de cabeça nessa onda. O resultado são produtos inovadores. Quer conhecer alguns?
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Em 1984, Charles Hull, engenheiro físico, criou a primeira impressora 3D, possibilitando a impressão de objetos através de camadas. Apesar de sua descoberta ter acontecido há mais de 4 décadas, os preços da impressora tornaram-se mais acessíveis apenas nos últimos anos. Por esse motivo tomamos essa máquina como novidade, sua popularização deu-se por causa do valor de compra. Embora estejam mais acessíveis, os preços ainda não se igualam às impressoras de papel, por isso não é tão simples produzirmos peças em nossas próprias casas. No início cada impressora custava entre 30 mil e 1 milhão de dólares. Hoje já podemos encontrá-las por valores próximos a mil dólares. Fora isso, ainda existem os custos de impressão, como o cilindro de plástico, que custa cerca de 28 dólares cada.
O passo-a-passo das impressões em terceira dimensão Primeiro um software próprio para a impressora é usado para criar o que será impresso (chamado modelagem) e então, como nas impressoras de papel que temos em casa, o computador envia as informações para a máquina. O material é aquecido e começa a desenvolver o objeto, montando camada por camada. Infinitas possibilidades Nós já estamos familiarizados, pelas notícias a fora, com as várias possibilidades de impressão 3D. Desde comidas, casas, veículos, até produtos para uso medicinal (como órgãos, ossos e próteses), quase tudo que pudermos imaginar pode se tornar realidade com essas máquinas. E a moda não ficaria de fora dessa, obviamente. Na moda Os estilistas investem nessa ideia desde 2010. Inicialmente os materiais de impressão eram escassos, mas aos poucos vêm aparecendo novas possibilidades. A estilista holandesa Iris Van Herpen foi uma das primeiras a usar a impressão 3D em julho de 2010 com a “Crystallization Show”. E em janeiro de 2013, ela apresentou duas peças criadas juntamente com Neri Oxman, Karen Oxman, Prof. Craig Carter e a arquiteta Julia Koerner, impressas pelas empresas Stratasys e Materialise. Iris afirmou na época: “acho o processo de impressão em 3D fascinante, porque eu acredito que será apenas uma questão de tempo antes de vermos as roupas que vestimos hoje produzidas com esta tecnologia”. A iniciativa ficou entre as “50 melhores invenções” da revista Time. No início de 2014, o estilista e arquiteto Francis Bitonti criou a programação de um vestido em 3D e disponibilizou a peça para que qualquer pessoa pudesse baixar e personalizar da maneira que preferisse. A roupa foi feita em conjunto com o estilista Michael Schmidt e a empresa Shapeways – responsável pela confecção. A Shapeways recebe os projetos feitos pelos internautas via web e imprime, porém, é necessário mandar junto a programação. Para a criação do vestido foram necessários 4 meses. A impressão levou 3 semanas, ligadas 24 horas por dia, com 5 impressoras trabalhando. Imprimir esse vestido em casa não é possível, pois as máquinas caseiras são feitas a base de líquido e esse tipo de veste especificamente, com movimento e detalhes vazados, é impressa a base de pó de nylon. Confira aqui! O designer finlandês Janne Kyttänen criou todas as peças que você precisa para fazer uma viagem curta e também disponibilizou digitalmente. O projeto “Lost Luggage” propõe que você viaje sem malas e só imprima as coisas quando chegar ao seu destino. Apesar de ainda ser apenas um conceito, tudo indica que logo fará parte de nossas realidades. Veja os itens inclusos: |
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As impressões em 3D no ramo da moda já vêm evoluindo. Até pouco tempo atrás, era necessário imprimir todas as partes da roupa e depois costurar tudo a mão. Mas uma equipe de desenvolvedores de software do estúdio de design Nervous System criou uma técnica para imprimir a peça inteira de uma só vez, mesmo que essa seja maior que a impressora. A solução foi imprimir a roupa já dobrada. Dessa ideia surgiu um vestido feito em nylon com 2.279 triângulos unidos por pequenas dobradiças. Veja o vídeo:
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Outra nova tecnologia que vem sido estudada e desenvolvida no Vale do Silício, Estados Unidos, pela Carbon3D Inc., faz com que, ao invés de camadas, a impressora 3D consiga imprimir inteiramente a peça por um meio líquido. O nome dado foi CLIP, que significa “líquido em interface de produção contínua” e é de 25 a 100 vezes mais rápida que a impressão em camada. Inventada por Joseph M. DeSimone, professor de química e de engenharia química, Alex Ermoshkin, diretor de tecnologia e Edward T. Samulski, professor de química.
Aqui no Brasil O estilista Pedro Lourenço foi o primeiro a lançar uma coleção com acessórios impressos em 3D, apresentados durante a São Paulo Fashion Week de 2014. Ele garante: “pretendo seguir utilizando a tecnologia de impressão 3D em outros trabalhos”. Obs.: Esse texto é uma adaptação de outro texto escrito por mim, em 2015, postado em meu blog pessoal. |